Um País ligado à Europa
31-03-2013 03:53
06-02-2013
Adfersit defende bitola europeia
Um País ligado à Europa
A Adfersit manifestou-se publicamente em defesa e clarificação do projeto ferroviário em bitola europeia. Embora reconheça que a conjuntura é pouco animadora e admita a falta de informações oficiais por parte do Governo, a associação acredita que a interoperabilidade ainda é possível...
A Adfersit emitiu um comunicado defendendo a importância das ligações ferroviárias em bitola europeia e opondo-se a algumas notícias difundidas na comunicação social, que afirmavam que Espanha não avançaria com a construção de linhas em bitola europeia, pelo que o projeto nacional de ligação ferroviária à Europa não se concretizaria. Em declarações à Transportes em Revista, Joaquim Polido, presidente da Adfersit, explicou que «o comunicado surgiu porque, na sequência do nosso 10º Congresso, saíram em vários órgãos de comunicação social, notícias e artigos de opinião, que confundiam, até porque contraditórios, a opinião pública, sobre a questão da bitola europeia».
No comunicado, a Adfersit falava de uma “campanha de desinformação sobre as ligações ferroviárias internacionais em bitola europeia”, referindo-se a citações de jornais como: “a linha de bitola europeia para Badajoz que o Governo quer construir não tem continuidade assegurada do outro lado da fronteira”; “uma linha de mercadorias entre Sines e a Europa é uma impossibilidade”; “a linha espanhola em bitola europeia entre a fronteira portuguesa e Madrid não está parametrizada para cargas pesadas (contentores e granéis)”; “sem que haja planos dos espanhóis para mudar a bitola na sua rede”; e “a bitola europeia é um investimento desnecessário”.
A associação sentiu a necessidase de clarificar que, de acordo com os planos espanhóis, esta ligação, tal como a ligação da fronteira francesa até à fronteira portuguesa de Vilar Formoso, estarão construídas em 2020. Adicionalmente, a Adfersit afirmava ainda que “a linha espanhola, tal como a da parte portuguesa, está preparada para cargas de 25 toneladas por eixo, o que é perfeitamente compatível com o tráfego de contentores” e que “há muito que é conhecida a intenção espanhola de mudar a bitola ferroviária, expressa no seu “Plano Estratégico de Infraestruturas de Transportes”, PEIT (2005-2020)”. Ainda de acordo com o documento, “após a mudança da bitola ferroviária em Espanha, se Portugal não fizesse o mesmo, a rede ferroviária portuguesa tornar-se-ia uma ilha ferroviária e Portugal ficaria dependente da via rodoviária para o transporte terrestre internacional de mercadorias. Como a rodovia tende a ficar cada vez menos competitiva para as médias e grandes distâncias devido aos problemas ambientais e energéticos, esta situação seria um desincentivo ao investimento em Portugal e um estímulo à deslocalização de empresas, conduzindo à “albanização” progressiva da nossa economia”.
«A posição da Adfersit é muito clara: o País tem de estar integrado na rede ferroviária europeia que seja totalmente interoperável. Qualquer outra solução é mantermos o erro estratégico que já tem mais de cento e cinquenta anos, ao isolarmos a rede ferroviária da Península Ibérica do resto da Europa. E, se nessa altura se pode compreender a decisão de fazer uma bitola diferente, pelo trauma napoleónico, hoje é difícil aceitar que não se pense na integração europeia», defende Joaquim Polido.
A Adfersit emitiu um comunicado defendendo a importância das ligações ferroviárias em bitola europeia e opondo-se a algumas notícias difundidas na comunicação social, que afirmavam que Espanha não avançaria com a construção de linhas em bitola europeia, pelo que o projeto nacional de ligação ferroviária à Europa não se concretizaria. Em declarações à Transportes em Revista, Joaquim Polido, presidente da Adfersit, explicou que «o comunicado surgiu porque, na sequência do nosso 10º Congresso, saíram em vários órgãos de comunicação social, notícias e artigos de opinião, que confundiam, até porque contraditórios, a opinião pública, sobre a questão da bitola europeia».
No comunicado, a Adfersit falava de uma “campanha de desinformação sobre as ligações ferroviárias internacionais em bitola europeia”, referindo-se a citações de jornais como: “a linha de bitola europeia para Badajoz que o Governo quer construir não tem continuidade assegurada do outro lado da fronteira”; “uma linha de mercadorias entre Sines e a Europa é uma impossibilidade”; “a linha espanhola em bitola europeia entre a fronteira portuguesa e Madrid não está parametrizada para cargas pesadas (contentores e granéis)”; “sem que haja planos dos espanhóis para mudar a bitola na sua rede”; e “a bitola europeia é um investimento desnecessário”.
A associação sentiu a necessidase de clarificar que, de acordo com os planos espanhóis, esta ligação, tal como a ligação da fronteira francesa até à fronteira portuguesa de Vilar Formoso, estarão construídas em 2020. Adicionalmente, a Adfersit afirmava ainda que “a linha espanhola, tal como a da parte portuguesa, está preparada para cargas de 25 toneladas por eixo, o que é perfeitamente compatível com o tráfego de contentores” e que “há muito que é conhecida a intenção espanhola de mudar a bitola ferroviária, expressa no seu “Plano Estratégico de Infraestruturas de Transportes”, PEIT (2005-2020)”. Ainda de acordo com o documento, “após a mudança da bitola ferroviária em Espanha, se Portugal não fizesse o mesmo, a rede ferroviária portuguesa tornar-se-ia uma ilha ferroviária e Portugal ficaria dependente da via rodoviária para o transporte terrestre internacional de mercadorias. Como a rodovia tende a ficar cada vez menos competitiva para as médias e grandes distâncias devido aos problemas ambientais e energéticos, esta situação seria um desincentivo ao investimento em Portugal e um estímulo à deslocalização de empresas, conduzindo à “albanização” progressiva da nossa economia”.
«A posição da Adfersit é muito clara: o País tem de estar integrado na rede ferroviária europeia que seja totalmente interoperável. Qualquer outra solução é mantermos o erro estratégico que já tem mais de cento e cinquenta anos, ao isolarmos a rede ferroviária da Península Ibérica do resto da Europa. E, se nessa altura se pode compreender a decisão de fazer uma bitola diferente, pelo trauma napoleónico, hoje é difícil aceitar que não se pense na integração europeia», defende Joaquim Polido.
Projeto ferroviário em bitola europeia com ligação entre Lisboa e Porto
Reunidos na Cimeira Ibérica, que se realizou em maio, no Porto, os Governos português e espanhol acabariam por chegar a um acordo para a construção de uma linha de mercadorias em bitola europeia entre Lisboa e Irún, com passagem por Sines, Caia e Madrid. Da mesma forma, Portugal e Espanha também se comprometeram a concretizar o mais rapidamente possível (mas sem dará estabelecida) a ligação ferroviária de mercadorias Aveiro – Salamanca – Irún. Outro compromisso na área dos transportes consistiu na eletrificação do troço entre Vilar Formoso e Medina del Campo até 2015. Embora o acordo vá ao encontro da estratégia defendida pela Adfersit, Joaquim Polido adverte que «o que foi divulgado sobre a questão ferroviária após a cimeira não é suficientemente elucidativo sobre o que efetivamente lá foi decidido. Espero que haja uma clarificação rapidamente por parte do Governo». Relembrando que os financiamentos anunciados pela União Europeia (UE) para os eixos ferroviários relevantes para a Europa, no período 2014 a 2020, são de 85 por cento, e podem mesmo chegar aos 95 por cento, o responsável ressalva, no entanto, que o conceito de rede não pode ser descurado. Segundo defende, «não podemos ter uma linha que liga Sines (Poceirão-NAL)-Caia-Madrid(Europa) e outra Aveiro-Salamanca(Europa) e não ter a ligação entre esta duas: que é o Lisboa-Porto. Temos de ter uma rede mínima e esta é a rede mínima que faz sentido, para não termos, do ponto de vista ferroviário, a separação do País, que ficaria sem conexão entre o sul e o norte. Esta ligação é a que é verdadeiramente relevante na ligação à Europa».
Apesar de se estar a falar de cerca de mil quilómetros de rede, com possibilidade de financiamento a 95 por cento, o responsável confessa «não estar nada otimista». Segundo explica, «não há estudos feitos e teria de se trabalhar bem e depressa para se poderem fazer as coisas». Adicionalmente, «tudo isto precisa de um consenso (interno e externo) e de tempo para se obter, que neste contexto não será fácil. Era preciso pensar-se mais no País e menos nos egos e, a juntar a tudo isto, dialogar a uma só voz com os nossos vizinhos espanhóis e com a UE».
Já no dia 10 de maio, reunidos na Cimeira Empresarial Luso-Espanhola, que decorreu no Palácio da Bolsa, no Porto, empresários portugueses e espanhóis propuseram o estabelecimento de um plano diretor com o objetivo de potenciar as ligações Porto-Vigo e Aveiro-Salamanca. Durante o encontro, o presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), José António Barros, sublinhou, por diversas vezes, a importância da questão dos transportes entre os dois países. Ponto em que a AEP e a Adfersit estão em consonância. «Não há outra solução», defende Joaquim Polido. «Nada se pode fazer sem se estabelecerem as “pontes” necessárias e, se o poder político se torna pouco operante, é importante que as forças vivas dos dois lados sejam capazes de agir e construir essas “pontes”. Mas é preciso que haja bom senso e se procurem estratégias e soluções para o futuro e não apenas para o presente e, sobretudo, para o imediato. Temos, definitivamente, que trabalhar com uma visão de futuro e sem os fantasmas do passado. Espanha é a nossa única fronteira terrestre e isso não vamos, nunca, poder alterar. Por isso a articulação com os nossos vizinhos é uma necessidade absoluta e não tem de ser necessariamente um mal. É uma realidade em que ambos ganharemos se soubermos aproveitar e partilhar», explica o responsável.
No entanto, o balanço geral da Cimeira, para Joaquim Polido, «não é animador». «Fica uma sensação de que a questão ferroviária foi tratada de uma forma menor e, da parte portuguesa, não sei como foi tratada, nem tão pouco que entidades ou “especialistas” apoiaram o governo. Temos estado na expetativa de obter informação mais precisa sobre o que foi decidido na Cimeira. A nova Direção da ADFERSIT, que foi eleita no dia 29 maio irá, naturalmente, continuar muito atenta a esta situação», conclui Joaquim Polido.
Apesar de se estar a falar de cerca de mil quilómetros de rede, com possibilidade de financiamento a 95 por cento, o responsável confessa «não estar nada otimista». Segundo explica, «não há estudos feitos e teria de se trabalhar bem e depressa para se poderem fazer as coisas». Adicionalmente, «tudo isto precisa de um consenso (interno e externo) e de tempo para se obter, que neste contexto não será fácil. Era preciso pensar-se mais no País e menos nos egos e, a juntar a tudo isto, dialogar a uma só voz com os nossos vizinhos espanhóis e com a UE».
Já no dia 10 de maio, reunidos na Cimeira Empresarial Luso-Espanhola, que decorreu no Palácio da Bolsa, no Porto, empresários portugueses e espanhóis propuseram o estabelecimento de um plano diretor com o objetivo de potenciar as ligações Porto-Vigo e Aveiro-Salamanca. Durante o encontro, o presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), José António Barros, sublinhou, por diversas vezes, a importância da questão dos transportes entre os dois países. Ponto em que a AEP e a Adfersit estão em consonância. «Não há outra solução», defende Joaquim Polido. «Nada se pode fazer sem se estabelecerem as “pontes” necessárias e, se o poder político se torna pouco operante, é importante que as forças vivas dos dois lados sejam capazes de agir e construir essas “pontes”. Mas é preciso que haja bom senso e se procurem estratégias e soluções para o futuro e não apenas para o presente e, sobretudo, para o imediato. Temos, definitivamente, que trabalhar com uma visão de futuro e sem os fantasmas do passado. Espanha é a nossa única fronteira terrestre e isso não vamos, nunca, poder alterar. Por isso a articulação com os nossos vizinhos é uma necessidade absoluta e não tem de ser necessariamente um mal. É uma realidade em que ambos ganharemos se soubermos aproveitar e partilhar», explica o responsável.
No entanto, o balanço geral da Cimeira, para Joaquim Polido, «não é animador». «Fica uma sensação de que a questão ferroviária foi tratada de uma forma menor e, da parte portuguesa, não sei como foi tratada, nem tão pouco que entidades ou “especialistas” apoiaram o governo. Temos estado na expetativa de obter informação mais precisa sobre o que foi decidido na Cimeira. A nova Direção da ADFERSIT, que foi eleita no dia 29 maio irá, naturalmente, continuar muito atenta a esta situação», conclui Joaquim Polido.
por: Andreia Amaral / Fonte : www.transportesemrevista.com/